De olhos fundos, pernas longas e corpo magro, desde muito
cedo aprendeu a conviver com o desrespeito diário que lhe é prestado, tanto que
nem sei ao certo qual o seu nome, será Fábio?! Fabiano?! Quando tinha 13 anos
viu o corpo de seu irmão estirado ao chão, vítima de três tiros certeiros que
lhe ceifaram a vida, além de lágrimas, perdeu uma de suas duas referências,
restava-lhe então a sua adoentada e batalhadora mãe.
Fábio ou Fabiano já passava o dia trabalhando, depois disso
teve que fazer de cada dia dois, e assim não teve tempo de aprender o que é ser
adolescente, vendeu amendoim, carvão, sacolé (suquinho), a vida, a alma e
quando não restava nada vendeu o que encontrava perdido pelas ruas... Depois
disso passei um tempo sem vê-lo... e esqueci. É, comumente tornamos invisíveis
aqueles que sofrem, como se o sofrimento dele não fosse de nossa conta.
Ontem, encontrei ele novamente, enfeitando sinais,
carregando tudo o que lhe restou em uma sacola, e guardando como tesouro as
moedas de quem lhe considera insignificante.
São tantos Fábio's ou Fabiano's....
PS: Fábio ou Fabiano foi meu vizinho na infância, hoje vive em situação de rua.
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